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Mostrando postagens de janeiro, 2014

Sobre o filme "Veludo Azul"

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Obs.: Essa resenha não contém nenhum spoiler significativo em relação ao roteiro, mas ela pode influenciar sua visão na hora de ver o filme. Portanto, ela não vai te contar quase nada mesmo sobre o enredo, mas preferencialmente assista o filme antes de lê-la.   O maior erro que alguém pode cometer ao assistir "Blue Velvet" de David Lynch é o de assistí-lo como se assiste um episódio de CSI com toques de noir. Se a primeira cena da trama tivesse sido o passeio do personagem Jeffrey ao encontrar a orelha cortada que inicia a linha principal da narrativa do filme, talvez esse filme pudesse ser interpretado como um filme policial comum com alguns toques de loucura do diretor. Mas antes que isso aconteça nós temos uma belíssima cena com cortes e edição no melhor estilo "propaganda de margarina" que é brutalmente interrompida por uma sequência perturbadora onde detalhes como mangueiras se enrolando em torno de objetos prenunciam o "mal súbito" que ating

Sobre o filme "Suspiria"

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Violência gráfica com realismo sempre me perturbou. Filmes de terror em si, não. Assisto a eles sozinho em casa sem medo, sem receio. Suspiria quebrou esse paradigma pra mim. Não pela sua história - que pouco tem de convincente ou amedrontadora no mundo real - ou nem mesmo pelas brutais e explícitas cenas de assassinato, mas sim pelas sensações que esse filme provoca e que ficam gravadas na mente por um bom tempo. O diretor italiano Dario Argento, considerado um mestre, usa aqui algo que poucos dos considerados mestres do terror usam como estratégia. Um filme de terror que se leva a sério e é cinematograficamente bom, geralmente prefere esconder o que tem de mais horrível pro final, utilizando o suspense crescente para chegar a um clímax agoniante. Argento teve porém a ideia genial de deixar pro início a coisa mais horrenda e explícita que ele tinha em mãos, não para estragar o clímax, mas para fazer com que ficássemos durante o filme inteiro apreensivos a respeito de ver al

Sobre o filme "Repulsa ao Sexo"

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Eu sempre me canso um pouco no início dos filmes do Roman Polanski. Isso é algo do meu gosto pessoal, eu o considero um gênio do cinema. Compreendo perfeitamente o que ele está fazendo nos primeiros momentos dos filmes. Ele prepara o terreno de uma forma incrivelmente cuidadosa, tanto que alguns chegam a achar lento demais esse desenvolvimento. Eu não acho lento demais, mas tenho um gosto particular por desenvolvimentos mais ágeis - é um problema que eu tenho na literatura com o Stephen King e seus rodeios por exemplo (mas isso é outra história). Sim, infelizmente fui educado em cinema na geração As Panteras - e não me orgulho disso. Em contrapartida, desde o início você percebe algo de errado na personagem principal, Carol Ledoux, brilhantemente interpretada por Catherine Deneuve - aliás, a escolha de um "sonho de consumo masculino" para fazer uma personagem que abomina contato físico com homens foi simplesmente genial! E Polanski SABE MESMO como fazer você perceber i